domingo, 5 de outubro de 2008
NG6 - Urbanismo e mobilidade
NG6 - DR1 - Arquitectura e Construção
Comunicação: Sou capaz de actuar em situações privadas de construção e arquitectura através do estabelecimento de comunicação eficaz com operários e técnicos especializados, com vista ao esclarecimento de um pedido ou resolução de situações de incumprimento.
Proposta de trabalho: Reconte uma situação em que tenha feito valer o seu ponto de vista aquando de uma alteração na sua casa ou espaço envolvente e que considerou ser pertinente, evidenciando os argumentos utilizados e a sua validade.
NG6 - DR2 - Ruralidade e Urbanidade
O mundo profissional sofre evoluções, advindas de alterações económicas, sociais e políticas. Assim, também o meio rural e urbano reflectem as mesmas, caracterizando-se sobretudo pelo êxodo dos habitantes do primeiro em direcção ao segundo. O motivo: procura de melhores condições de vida.
Portugal tem também vivido essa realidade, pois assistiu-se a uma fuga do interior para o litoral ou dos pequenos para os grandes meios, muitas das vezes à procura de oportunidades de trabalho, de melhores serviços de saúde, de educação e acesso à cultura, etc. Valorizou-se a cidade em desprimor do meio rural. Hoje, felizmente, assistimos a um retrocesso dessa situação. A perspectiva é outra, começa a revalorizar-se a província, as raízes ancestrais e culturais de cada um; ao contrário de há alguns anos, (re)valoriza-se, (re)qualifica-se o que antes se desprezava, nomeadamente em termos de turismo. Associado a esta valorização da identidade local/regional surgem também actividades de lazer, de turismo e profissionais, que projectam dentro e fora do território nacional o que de melhor se faz em cada uma delas. Mas também a nível urbano surgem novas formas de animação, de dinamização e divulgação do património.
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Critérios de evidência:
Cultura: Sou capaz de actuar tendo em conta o potencial de oportunidades laborais resultantes da progressiva atenção dada pelas políticas locais à valorização do património rural e urbano enquanto factor de desenvolvimento e qualificação dos territórios.
Proposta de trabalho: Reflectindo sobre o que anteriormente leu, identifique casos concretos de valorização do património local e urbano, através da criação de novos postos de trabalho e de actividades ligadas ao turismo, que antigamente não estavam associadas ao meio rural ou pelo surgimento de associações de desenvolvimento local.
Língua: Sou capaz de actuar em contextos profissionais diferenciados regionalmente, identificando sotaques ou regionalismos, através do uso da língua portuguesa e/ou língua estrangeira, no sentido de uma melhor integração socioprofissional.
Proposta de trabalho: Faça um levantamento de algumas expressões ou vocábulos característicos da sua região, que sejam um factor de diferenciação a nível profissional e que possibilitam uma melhor adaptação a nível laboral. Propomos-lhe o visionamento de um filme promocional da cerveja Sagres onde se aproveitam alguns dos sotaques que enriquecem a língua nacional, bem como a leitura e a reflexão do texto que a seguir transcrevemos...
. .Crónica do falar lisboetês
De súbito, o homem do quiosque de Lisboa a quem eu pedira os meus jornais habituais interpelou-me: – O senhor é do Norte, não é? Respondi-lhe que não, que nasci na Bairrada e resido há quase 40 anos em Coimbra. Fitou-me, perplexo. Logo compreendi que do ponto de vista de Lisboa tudo o que fique para cima de Caneças pertence ao Norte, uma vaga região que desce da Galiza até às portas da capital. Foi a minha vez de indagar porque me considerava oriundo do Norte. Respondeu de pronto que era pela forma como eu falava, querendo com isso significar, obviamente, que eu não falava a língua tal como se fala na capital, que para ele, presumivelmente, não poderia deixar de ser a forma autorizada de falar português. Foi a primeira vez que tal me aconteceu. Julgava eu que falava um português padrão, normalmente identificado com a forma como se fala «grosso modo» entre Coimbra e Lisboa e cuja versão erudita foi sendo irradiada desde o século XVI pela Universidade de Coimbra, durante muitos séculos a única universidade portuguesa. Afinal, via-me agora reduzido à patológica condição de falante de um dialecto do Norte, um desvio algo assim como a fala madeirense ou a açoriana. Na verdade – logo me recordei –, não é preciso ser especialista para verificar as evidentes particularidades do falar alfacinha dominante. Por exemplo, «piscina» diz-se «pichina», «disciplina» diz-se «dichiplina». E a mesma anomalia de pronúncia se verifica geralmente em todos os grupos «sce» ou «sci»: «crecher» em vez de «crescer», «seichentos» em vez de «seiscentos», e assim por diante… O mesmo sucede quando uma palavra terminada em «s» é seguida de outra começada por «si» ou «se». Por exemplo, a expressão «os sintomas» sai algo parecido com «uchintomas», «dois sistemas» como «doichistemas». Ainda na mesma linha, a própria pronúncia «de Lisboa» soa tipicamente a «L'jboa». Outra divergência notória tem a ver com a pronúncia dos conjuntos «-elho» ou «-enho», que soam cada vez mais como «-ânho» ou «-âlho», como ocorre por exemplo em «coelho», «joelho», «velho», frequentemente ditos como «coalho», «joâlho» e «valho». Uma outra tendência cada vez mais vulgar é a de comer os sons, sobretudo a sílaba final, que fica reduzida a uma consoante aspirada. Por exemplo: «pov» ou «continent», em vez de «povo» e «continente». Mas essa fonofagia não se limita às sílabas finais. Se se atentar na pronúncia da palavra «Portugal», ela soa muitas vezes como algo parecido com «P'rt'gâl». O que é mais grave é que esta forma de falar lisboeta não se limita às classes populares, antes é compartilhada crescentemente por gente letrada e pela generalidade do mundo da comunicação audiovisual, estando por isso a expandir-se, sob a poderosa influência da rádio e da televisão. Penso que não se trata de um desenvolvimento linguístico digno de aplauso. Este falar português, cada vez mais cheio de «chês» e de «jês», é francamente desagradável ao ouvido, afasta cada vez mais a pronúncia em relação à grafia das palavras e torna o português europeu uma língua de sonoridade exótica, cada vez mais incompreensível já não somente para os espanhóis (apesar da facilidade com que nós os entendemos), mas inclusive para os brasileiros, cujo português mantém a pronúncia bem aberta das vogais e uma rigorosa separação de todas as sílabas das palavras. A propósito do português do Brasil, vou contar uma pequena história que se passou comigo. Na minha primeira visita a esse país, fui uma vez convidado para um programa de televisão em Florianópolis (Santa Catarina). Logo me avisaram de que precisava de falar devagar e tentar não comer os sons, sob pena de não ser compreendido pelo público brasileiro, que tem enormes dificuldades em compreender a língua comum, tal como falada correntemente em Portugal. Devo ter-me saído airosamente do desafio, porque, no final, já em «off», o entrevistador comentou: «O senhor fala muito bem português.» (queria ele dizer que eu tinha falado um português inteligível para o ouvido brasileiro). Não me ocorreu melhor e retorqui: – Sabe, fomos nós que o inventámos... Por vezes conto esta estória aos meus alunos de mestrado brasileiros, quando se me queixam de que nos primeiros tempos da sua estada em Portugal têm grandes dificuldades em perceber os portugueses, justamente pelo modo como o português é falado entre nós, especialmente no «dialecto» lisboetês corrente nas estações de televisão. Quando deixei o meu solícito dono do quiosque lisboeta do início desta crónica, pensei dizer-lhe em jeito de despedida, parafraseando aquele episódio brasileiro: – Sabe, a língua portuguesa caminhou de norte para sul... Logo desisti, porém. Achei que ele tomaria a observação como uma piada de mau gosto. Mas confesso que não me agrada a ideia de que, por força da força homogeneizadora da televisão, cada vez mais portugueses sejam «colonizados» pela maneira de falar lisboeta. E mais preocupado ainda fico quando penso que nessa altura provavelmente teremos de falar em inglês para nos entendermos com os espanhóis e – ai de nós! – talvez com os próprios brasileiros...
. ...............................................Vital Moreira (in «Público» de 4 de Janeiro de 2000)
Proposta de trabalho: Tendo em consideração que alguns autores portugueses, nas suas produções literárias, exortam para a necessidade de preservação do património natural e cultural do país, propomos-lhe que indique e esclareça de que forma é que estes o alertaram para esta atitude cívica e profissional. Como exemplo poderíamos citar dois autores, Eça de Queirós e Almeida Garrett e os seus respectivos textos: Os Maias e Viagens na Minha Terra.
De igual modo, muitos panfletos culturais e turísticos são exemplo dessa preocupação. Assim, a partir desse tipo de folhetos, cite situações concretas que ilustrem estas atitudes de preservação, equilíbrio e dinamização dos espaços rural e urbano.
“Perverteu-se por tal arte o gosto entre nós desde o meio do século passado especialmente, os estragos do terramoto grande quebraram por tal modo o fio de todas as tradições da arquitectura nacional, que na Europa, no mundo todo talvez se não ache um país onde, a par de tão belos monumentos antigos como os nossos, se encontrem tão vilãs, tão ridículas e absurdas construções públicas e particulares como essas quase todas que há um século se fazem em Portugal.
Nos reparos e reconstruções dos templos antigos é que este péssimo estilo, esta ausência de todo estilo, de toda a arte mais ofende e escandaliza.
Olhem aquela empena clássica posta de Olhem aquela empena clássica posta de remate ao frontispício todo renascença da Conceição Velha em Lisboa. Vejam a emplastagem de gesso com que estão mascarados os elegantes feixes de colunas góticas da nossa sé.”
.. . . . .........................................................Almeida Garrett, Viagens na Minha Terra
NG6 - DR3 - Administração, Segurança e Território
Identificar sistemas de administração territorial e respectivos funcionamentos integrados.
A identidade de um país evidencia-se pela coesão expressa por uma variedade de serviços, de bens acessíveis a todos, maioritariamente tutelados pelo Estado. Esses serviços permitem a todos, em qualquer ponto do país, usufruir da segurança de pessoas e bens, de vias de comunicação e de transporte, de produtos culturais como exposições, cinemas, museus. Grande parte destes serviços estão sobre o domínio do Estado, tutelados, por exemplo, pelo Ministério da Cultura ou pelo Ministério da Administração Interna..., apresentando cada um programas específicos, de acordo com as suas competências; no caso de MC uma agenda cultural e no caso do MAI um programa de prevenção rodoviária.
Critérios de evidência:
compreendendo que as diferentes redes nacionais de equipamentos culturais promovem o ordenamento e a coesão territorial.
Língua: Sou capaz de actuar individual e/ou colectivamente através da descodificação de informação institucional sobre questões de administração do território (mapas, sinalização, legislação, etc.).
Proposta de trabalho: Desde sempre que o país tem uma política administrativa bem definida a nível cultural e de segurança do território, difundida através de muitos meios de comunicação social, através de outdoors, cartazes, folhetos, desdobráveis, campanhas de publicidade institucional, etc. Dependendo da finalidade, as mensagens são diferenciadas e estruturadas de diferente forma (texto injuntivo-instrucional), com terminologias diversas, mas todos com o mesmo fim: incitar à acção, impor regras, fornecer indicações, instruções.
Proposta de trabalho: A partir da observação de duas campanhas publicitárias (alerto que as mesmas são chocantes, mas não tanto como a realidade que retratam), em francês e espanhol, incito-o a reflectir sobre a violência do conteúdo e sobre a justificação ou não da sua vertente pedagógica. A seguir, reflicta sobre os resultados
NG6 - DR4 - Mobilidades Locais e Globais
Relacionar mobilidades e fluxos migratórios com a disseminação de patrimónios linguísticos e culturais e seus impactos.
«A minha pátria é a língua portuguesa»
Fernando Pessoa
Cultura: Sou capaz de actuar compreendendo as causas económicas, políticas e culturais dos fluxos migratórios das populações e reconhecendo a importância do multiculturalismo para a diversidade da oferta cultural.
Proposta de Trabalho: Sendo a língua um factor de integração, é fácil compreender porque é que muitos brasileiros, cabo-verdianos, guineenses, timorenses e guineensenes... escolhem Portugal como destino. Assim, a partir do conhecimento que tem sobre os países onde se fala o português, explore o dinamismo que a mesma tem, como língua viva, através do seu estudo, nas universidades autóctones, nas escolas básicas e nas actividades culturais, dando provas de que a mesma é viva e dinâmica, estando em constante evolução.