segunda-feira, 1 de setembro de 2008

NG7 - Saberes Fundamentais

Competência Geral:

Agir em contextos diversificados conseguindo identificar os principais factores que afectam quer a mudança social quer a evolução dos percursos individuais e sendo capaz de mobilizar saberes relativos à ciência e a dinâmicas institucionais de modo a poder formular opiniões críticas perante variadas questões.

O último núcleo gerador de CLC, denominado Saberes Fundamentais, aparentemente sempre se afigurou o mais difícil de abordar, de compreender... A sua descoberta vai-se fazendo ao longo do processo, na partilha e no entendimento que se faz, em conjunto com os adultos, das várias experiências de vida. Este grande tema, como o próprio nome indica, compõe-se de saberes fundamentais, essenciais à compreensão do outro, do mundo, mas também de nós próprios. Esses saberes são adquiridos não só na herança genética que cada um de nós adquire aquando da concepção, mas sobretudo das vivências que vamos tendo, desde a mais tenra idade, mas também do efeito que os outros podem ter em nós, naquilo que somos. Os olhos com que observamos o que nos rodeia são únicos e embora vejamos muito, apenas retemos algumas coisas, mas tudo deixa traços em nós... Ou seja, somos reflexo do que vivemos, do que vemos. É essa a compreensão que aqui se faz deste núcleo, traduzida nos quatro domínios que o constituem.

NG7 - DR1 - O Elemento

.............." Todo o ser humano é diferente de mim e único no universo; não sou eu, por conseguinte, quem tem de reflectir por ele, não sou eu quem sabe o que é melhor para ele, não sou eu quem tem de lhe traçar o caminho; com ele só tenho o direito, que é ao mesmo tempo um dever: o de o ajudar a ser ele próprio.”
............................................................................................Agostinho da Silva
Competência :


Intervir tendo em conta que os percursos individuais são afectados pela posse de diversos recursos, incluindo competências ao nível da cultura, da língua e da comunicação.

Não há dois seres humanos iguais, todos nós nos distinguimos uns dos outros, não só por diferenças genéticas, mas também culturais. Cada um de nós apresenta um conjunto de características (físicas, psicológicas, educacionais, culturais....) que nos torna únicos, distintos. Somos únicos, porque temos não só essas características, mas também porque as nossas vidas se vão cruzando com as de outras pessoas, porque vamos vivendo experiências (boas e más) que nos vão marcando e nos vão moldando o carácter, a nossa maneira de ser. O meio familiar onde nascemos e crescemos, o nosso percurso escolar, os amigos, as boas e más vivências têm/tiveram obviamente influência na pessoa que hoje é. Assim, perante uma situação que pode ser igual para muitos, agirá provavelmente de outro modo porque tem a sua maneira de ser, de pensar, de agir e de actuar, que fazem de si único/única.Somos reflexo de tudo o que vivemos.



Critérios de evidência


Cultura: Sei actuar tendo em conta que os percursos individuais são afectados por condições sociais e que as trajectórias se (re)constroem a partir da vivência de diversos contextos e da reconfiguração da posse de diferentes recursos.

Proposta de trabalho: Num texto de características autobiográficas (história de vida), recorde todo o seu percurso de vida até ao momento, nomeadamente o seu percurso escolar, as oportunidades que teve ou não de estudar, de completar por exemplo o 12ª ano e diga porque não o fez. Que acontecimentos impediram que isso se concretizasse? A família? Os amigos? Os professores? A falta de dinheiro? As companhias? Acha que só a escola permite momentos de aprendizagem? Cite duas ou três situações da sua vida que lhe permitiram ser a pessoa que hoje é.




Língua: Sei actuar face aos textos, identificando os seus elementos constituintes e organizativos e garantindo a correcta utilização do uso da língua portuguesa e/ou língua estrangeira.

Proposta de trabalho: Ao longo da sua vida deve ter utilizado a língua portuguesa - oral ou escrita - para expressar sentimentos, partilhar ideias, exprimir dúvidas, enfim, para comunicar algo. Recorde um momento importante da sua vida em que tenha recorrido à expressão escrita para se fazer entender/ compreender, por exemplo através de uma carta, um diário, etc. e diga como essa forma de organização das ideias, de expressão, foi importante para si. Caso não possua um momento assim significativo, cite uma leitura (por exemplo de tipo biográfico, memórias) que o/a tenha marcado profundamente como pessoa, com o qual tenha aprendido algo, que tenha influenciado a sua forma de ser, de estar.



Comunicação: Sei actuar face aos modelos de processo de comunicação pública, identificando as diferentes intenções do emissor e os efeitos produzidos no receptor.

Proposta de trabalho: Recorde um programa de TV, de rádio ou uma situação em que se tenha pretendido comunicar, transmitir alguma informação e em que por razões várias se tenha gerado um mal-entendido, ou seja, aquele que pretende comunicar algo - o emissor -, não se soube expressar adequadamente, fazendo com que aquele a quem ele se dirige - o receptor - não o entenda ou o entenda mal. Porque sucedem esses equívocos, esses mal-entendidos?As próprias particularidades da língua portuguesa, sobretudo para quem não a domina razoavelmente pode levar a que muitas vezes se diga uma coisa e se perceba outra....Alguma vez viveu uma experiência dessas?Relate-a.


Para perceber bem a importância que a boa e/ ou má comunicação podem ter nas relações que estabelecemos ou no entendimento do que nos rodeia, delicie-se com a conversa de surdos do vídeo dos Gato Fedorento.


NG7 - DR2 - Processos e métodos científicos

Competência


Agir em contextos profissionais, com recurso aos saberes em cultura, língua e comunicação.

No âmbito profissional deparamo-nos todos os dias com novos desafios, novas aprendizagens. Neste sentido, a todo o momento somos sujeitos a situações que nos permitem desempenhar melhor as nossas tarefas.Uma das formas de melhorar o nosso desempenho passa pela aferição do que fazemos bem ou menos bem, ou seja, no fundo como uma diagnose, seja em termos de método de trabalho, de índices de produtividade, seja de formação, etc. Assim, são produzidos/aplicados vários instrumentos de trabalho, como inquéritos, entrevistas, sondagens, observação directa, etc, que permitem apurar por exemplo o grau de satisfação de um participante num workshop de escrita criativa, ou de um espectador num festival de artes circenses.
Se num primeiro olhar - culturalmente falando - por vezes pareça difícil operacionalizar esta competência, ela acaba por estar presente, todos os dias, na nossa vida, se não directamente, indirectamente... Ou seja, nas nossas actividades profissionais, no nosso local de trabalho, somos avaliados de várias formas, seja através de documentos escritos (de auto e hetero-avaliação), seja através de outros suportes, que podem passar pelo controlo da assiduidade/ pontualidade, é o caso dos cartões de ponto. Assim, todas estas formas de recolher informação servem para melhorar o funcionamento de determinadas instituições que operam no campo cultural: cinemas, centros culturais, livrarias, teatros, associações culturais, escolas, etc. Ao utilizarmos todos estes suportes, nós estamos sempre em contacto com várias tipologias textuais, literárias ou não; a própria leitura que fazemos de determinadas obras literárias, onde a componente autobiográfica é muito grande, pode ser também uma forma de melhorarmos competências profissionais, já que a experiência dos outros é muitas das vezes a melhor forma de complementar a nossa actividade, as lacunas que por vezes sentimos. No fundo, é estabelecer a ponte entre a teoria e a prática, ou seja, com a escola da vida.

Critérios de evidência

Cultura: Sou capaz de actuar em contextos profissionais identificando o que são procedimentos científicos e diferentes métodos de produção de conhecimento sobre temáticas relacionadas com a cultura.
Proposta de trabalho: Tendo em conta o que foi dito anteriormente, recorde uma qualquer situação em que tenha preenchido um inquérito relativo a um espectáculo a que assistiu, sobre um filme que viu, sobre cultura geral? O que pensa quando os preenche? Ou não o faz? E porquê? Acha que este tipo de inquéritos é relevante?Pode ajudar a melhorar um serviço ou acha-os inúteis? -
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Língua: Sou capaz de actuar em contextos profissionais diversos, tendo em conta os diferentes tipos de texto e as suas características (literário/não literário, autobiográfico, argumentativo, expositivo, descritivo, etc.) e a sua correcta utilização em língua portuguesa e/ ou estrangeira. Proposta de Trabalho: Alguma vez lhe aconteceu ler um artigo numa revista ou um livro que lhe permitiu entender melhor algum aspecto na sua profissão, devido a alguma semelhança com alguma situação da sua vida profissional. Que tipo de texto era?De uma revista? Que tipo de livro?Diga porque se identificou com essa realidade.



Comunicação: Sou capaz de actuar no mundo global, compreendendo como os diferentes suportes e meios de comunicação fizeram evoluir as inserções profissionais e os modos de trabalhar e produzir riqueza.
Proposta de Trabalho: A todo o momento os meios de comunicação social passam programas em que se abordam temas relativos ao mundo profissional, às necessidades do mundo actual, da competitividade do meio laboral. Assim, tendo em conta a constante pressão da economia global, dos problemas de emprego e da muita ou pouca qualificação de muitos, recorde uma situação veiculada pela televisão, net, rádio, que tenha evidenciado uma situação em que a prática aliada à teoria foram importantes para melhorar o desempenho profissional de alguém e explique porquê. Já aconteceu , na sua vida diária, ter que demonstrar como a teoria é importante aliada à prática e vice-versa? Em que contexto?

NG7 - DR3 - Ciência e Controvérsias públicas

Competência


Formular opiniões críticas, mobilizando saberes vários e competências culturais, linguísticas e comunicacionais.


Uma das mais importantes formas de afirmação que o indivíduo tem é através da palavra, pois esta é o reflexo da sua cultura, dos seus saberes e também do seu carácter. A palavra - escrita ou oral - é o reflexo do seu próprio emissor, pois espelha o que sabe e o que não sabe. Não admira pois que por vezes nos surpreendamos com a capacidade que alguns têm de se expressar, de falar, de convencer os outros. Mas também nos admiramos com o contrário, sobretudo quando é alguém que supostamente deveria possuir o dom da palavra... Para nos conseguirmos expressar de forma loquaz, convincente, é muito importante o domínio que temos dos conteúdos, dos temas, a cultura geral que possuimos e claro, a capacidade de argumentação! Assim, a todo o momento, a sociedade exige a nossa mobilização enquanto cidadãos para tomarmos partido, para agirmos, para intervirmos com a expressão da nossa opinião, tornando-nos (co)responsáveis em muitas das decisões que se tomam quer a nível local, quer a nível nacional.



Programa Prós e Contras dedicado ao tema do aborto



Critérios de evidência:



Cutura: Sou capaz de actuar perante debates públicos reconhecendo a multiplicidade de instituições, agentes e interesses em presença.
Proposta de Trabalho: Identifique a nível nacional ou local uma intervenção (obra, painéis de azulejos, monumentos, espaços públicos...) que tenha gerado polémica, pelo facto de não ser bem aceite pelas pessoas que aí vivem ou por ser demasiado vanguardista, talvez desenquadrada do espaço circundante e por isso controversa. Não se esqueça que este tipo de intervenção é sempre avaliada de duas formas: os que estão de acordo e os que estão em desacordo. Para isso conta também a idade e a cultura de cada um, ou seja, para uma pessoa com mais idade, que tenha vivido sempre no mesmo local, será mais difícl de aceitar a alteração, por exemplo, da traça tradicional da igreja matriz local.
Poderá também abordar este tema de outro ângulo, explorando por exemplo uma lei, um assunto que tenha gerado polémica, obrigando a uma tomada de posição, a assumir uma opinião/ um dos lados...(co-incineração, aborto, eutanásia, pena de morte, etc.).


Língua: Sou capaz de actuar individual e/ou colectivamente entendendo a língua e sua utilização – língua portuguesa e/ou língua estrangeira – como forma de intervenção cívica e social e campo de conhecimento científico.

Proposta de Trabalho: Recorde um qualquer momento da sua vida em que tenha sido necessário participar/intervir com a sua opinião, de modo a impedir algo com que não concordava ou que tenha que ter defendido os seus interesses, o seu ponto de vista, por exemplo num tema de interesse nacional - regra geral polémico -, local, na escola do seu filho (por exemplo um projecto de trabalho de âmbito escolar)...Como preparou a sua intervenção? Respeitou a opinião e o tempo de resposta de cada um? Como estruturou a sua argumentação? Pensou numa forma de captar a atenção do(s) seu(s) interlucutor(es), usando por exemplo materiais de apoio? Organize a sua reflexão de forma corente, bem estruturada, ilustrando com exemplos que evidenciem realmente que detém esta competência linguística.




Comunicação: Sei actuar nas sociedades contemporâneas reconhecendo o papel central dos sistemas de comunicação nas formas de intervenção e construção da opinião pública mundial?

Proposta de trabalho: Que meios utilizou para recolher informação, de modo a fundamentar bem a sua intervenção (textos informativos/ jornalísticos; científicos/ técnicos...), para expressar os seus pontos de vista? Soube depois expressá-los? De que forma? (debate público, folhetos informativo, porta-à porta, blog...). Adaptou o seu registo oral/ escrito de acordo com os intervenientes/ interlocutores? (tipo de linguagem utilizada, cuidada, familiar, científica/ técnica, etc.).

NG7 - DR4 - Leis e Modelos Científicos

Competência
Identificar os principais factores que influenciam a mudança social, reconhecendo nessa mudança o papel da cultura, da língua e da comunicação.
Desde sempre o homem sofreu influências do meio que o rodeia , da família, dos amigos, da escola, do maior ou menor acesso que tem a bens culturais, como a música, a pintura ou o cinema. Neste âmbito, basta recordar o significado que o movimento hippie teve ao nível não só da música mas também político, alertando consciências, levando à acção, mas também a uma maior abertura moral ao nível das relações humanas. No entanto, a maior força de modelação ou manipulação pertence aos meios de comunicação social, nomeadamente à televisão. Esta surge como uma influência, como factor de mudança no telespectador, porque este se identifica com o que vê, ou seja, ao seu modo de vida e até aos seus valores. Há pois, nestes casos, uma aprendizagem social, não por experiência própria/ directa, mas por observação. Devido à diversidade de programas, transversais a todos os gostos e grupos sociais, a televisão é uma das maiores forças de comunicação/ manipulação de massas, produzindo e reproduzindo relações/ comportamentos sociais.
O maior exemplo daquilo que acabamos de afirmar são as telenovelas. Estas influenciaram de forma decisiva os valores e as atitudes das novas gerações, relativamente às do passado. Com elas, surgiram novas formas de socialização antes mal aceites; se no passado uma mulher tivesse mais do que um namorado era conotada de namoradeira ou com outros epítetos...., hoje aceita-se este tipo de atitude como normal, já que está em questão a procura do parceiro ideal. Embora incidamos mais sobre a educação poderiamos considerar o cinema (intervenção), o teatro (intervenção; revista), a música (como denúncia), a fotografia (foto-reportagem) como factores de dinâmicas sociais.



Critérios de evidência:

Cultura: Sou capaz de actuar reconhecendo que a evolução das sociedades resulta de processos de mudança social e identificando os principais factores de a influenciam.
Proposta de Trabalho: Um dos principais agentes da mudança social é, como bem sabemos, a cultura e, dentro desta, a educação. Pois, se é verdade que o «processo de socialização» permite a aquisição dos modelos culturais vigentes numa determinada sociedade e que o «génio criador» do homem permite que este se vá gradualmente distanciando dos mesmos, não deixa de ser igualmente verdade que só pela educação o homem é capaz de transformar a sociedade em que vive, de forma crítica e lúcida, seja pela mudança de atitudes e valores culturais, seja pela criação de novas condutas sociais. Deste modo, proponho-lhe que reflicta nas grandes mudanças culturais que ocorreram na sociedade actual, comparativamente com a dos seus pais ou avós.

Língua: Sou capaz de actuar nas sociedades contemporâneas, tendo em conta que a língua é um elemento constituinte do universo em que vivemos e compreendendo o seu papel na expressão da evolução do pensamento e das mentalidades bem como da evolução científica e tecnológica.
Proposta de Trabalho: A língua é um dos principais factores de desenvolvimento científico e tecnológico, assim como da evolução do pensamento e das mentalidades. Pois, se não existe outro meio de comunicação senão através da língua, então a evolução das mentalidades tem de passar obrigatoriamente por este veículo essencial à comunicação humana. Não estranha, portanto, que os jornais, as revistas e os livros que lemos, adquiram um papel tão fundamental na formação do nosso pensamento, que vai evoluindo ao longo dos anos. Partindo deste pressuposto, identifique os jornais e revistas que mais gosta de ler e de que forma é que essa leitura o foi influenciando na sua percepção do mundo. Se desejar, poderia fazer ainda um pequeno resumo de uma obra literária que já tenha lido, referindo o que considerou mais importante da sua leitura e o que aprendeu com ela.


Comunicação: Sou capaz de actuar nas sociedades contemporâneas, identificando as teorias fundamentais dos sistemas de comunicação (um para um, um para muitos, muitos para muitos, e em rede) e tendo consciência do carácter instrumental dos media e da eficácia do seu poder.

Proposta de Trabalho: Seleccione três tipos de programas do seu agrado (televisivos, radiofónicos, ...). A partir dos mesmos distinga diferentes formas de comunicação, consoante o objectivo pretendido: contacto directo/ pessoal (diálogo, telemóvel...); persuasão/ manipulação (publicidade, campanhas políticas...); informação (debate, reportagem, entrevista...), etc.Assim, tendo em conta tudo isto reflicta (dando exemplos) no poder que os meios de comunicação social têm na sociedade, nas pessoas, influenciando-as na sua forma de agir/reagir, de estar, de pensar ( por exemplo a publicidade, as campanhas políticas...).